segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
O HOBBIT: UMA JORNADA INESPERADA
Quando Peter Jackson anunciou que voltaria à obra do escritor britânico J.R.R. Tolkien e seu mundo povoado de elfos, anões, orcs e magos os fãs da trilogia O Senhor dos Anéis ficaram exultantes. Dez anos de espera depois, chega às telas O Hobbit: Uma Jornada Inesperada, primeiro dos três longas inspirados no romance O Hobbit, publicado em 1937.
Quem leu o livro já era capaz de antever o principal problema desta nova trilogia. Não há em suas 300 páginas acontecimentos suficientes que justifiquem a realização de três filmes, sendo que este primeiro com quase três horas de duração.
Resultado: o longa se arrasta como Gollum, é tedioso e totalmente inviável para quem não é fã aguerrido. E estou falando daquele tipo de admirador cujo culto à obra de Tolkien é capaz de superar sua capacidade de ver que Uma Jornada Inesperada - a despeito de recriar o universo da Terra Média com o esmero já conhecido de Jackson - é uma tremenda enrolação, cuja estrutura narrativa não fecha e na qual se vê nitidamente o propósito maior: engordar o caixa da indústria de sucessos de bilheteria de do diretor neozelandês.
O longa (e põe longa nisso) é fiel ao livro. Sua história se passa cerca de 60 anos antes dos acontecimentos de O Senhor dos Anéis. Bilbo Bolseiro é um hobbit, criatura com a metade do tamanho de um humano, de pés e orelhas grandes, que preza a vida pacata em seu vilarejo. Sua way of life acomodado dá uma guinada com a chegada do mago Gandalf (Ian McKellen) que, acompanhado de 13 anões, o convoca para uma aventura. Ele se recusa a princípio, mas termina por seguir o grupo cuja missão é despejar o dragão Smaug da antiga morada dos anões.
O que segue é um filme desprovido de ritmo, no qual se nota nitidamente que um sem número de cenas poderia simplesmente não existir. É óbvia, e irritante até, a "encheção de linguiça", por mais que Jackson tenha tido o cuidado de pontuar o filme com humor e sequências de ação para evitar que o espectador hiberne na poltrona.
Quem curtiu a trilogia do anel – e este crítico se inclui entre eles – vai se divertir em momentos pontuais, mas isto tem a ver com a nostalgia de rever personagens como Gandalf, Galadriel, Saruman, Frodo (em breve aparição) e o impagável Smeagol e sua obsessão por seu precioso anel. Isso, no entanto, está longe de ser o bastante para fazer de Uma Jornada Inesperada um bom filme. Para quem não é afeito a este universo, o longa pode se tornar um suplício sem fim – no caso porque, de fato, não tem um final.
No afã de tentar repetir o êxito financeiro da primeira trilogia - e talvez faturar US$ 1 bilhão por filme como da primeira vez -, Peter Jackson recriou o universo de Tolkien com o apuro técnico de sempre, mas na forma de engodo cinematográfico. Resta saber se o fãs vão engolir o embuste numa boa.
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