quinta-feira, 18 de julho de 2013

O HOMEM DE AÇO

  

                                 

O Homem de Aço inicia um capítulo totalmente novo do Superman no cinema. A versão sombria criada por Zack Snyder atualiza o herói mais famoso de todos os tempos e remove boa parte de sua inocência. O diretor arrisca ao mudar conceitos básicos dos quadrinhos, mas quando as novidades são assimiladas, é possível se divertir com um bom filme.
Seguindo os passos de Batman BeginsO Homem de Aço conta a origem do protagonista em um mundo realista, consequência de ter Christopher Nolan (Cavaleiro das Trevas) como produtor. A diferença está no fato de Snyder não explicar cada aspecto do personagem, como no caso do uniforme – simplesmente um legado da família de Krypton.
O longa é antes de tudo um drama de ficção-científica, sobre um alienígena que tenta encontrar seu lugar no universo.  O ótimo prólogo mostra o fim do planeta natal deKal-El (Henry Cavill), com batalhas futuristas dignas de James Cameron. Em meio ao caos, Jor-El (Russell Crowe) luta para salvar o legado de sua raça. A expectativa de consertar os erros do passado é transferida a seu filho. Mais do que em qualquer outro filme do personagem, somos lembrados que Kal-El não é humano.
Henry Cavill é sucessor digno de Christopher Reeve. Com essa questão fora do caminho, o herói pode ganhar profundidade por meio de flashbacks que apresentam o passado de Clark Kent no Kansas e a relação com os pais adotivos, interpretados pelos ótimos Kevin Costner e Diane Lane. Aos poucos, é revelada como a relação entre pai e filho define os valores morais do garoto e, ao mesmo tempo, o obrigam a se esconder da sociedade.
Parte do público pode não se interessar por essas partes mais intimistas, mas as excepcionais cenas de ação devem empolgar. Os violentos combates não parecem coreografados e isso dá ares de novidade ao gênero. São 40 minutos de lutas entre super-humanos, com destruição equivalente à espetacular cena final de Os Vingadores. Bem diferente de Superman – O Retorno, cujos poucos momentos de tensão não funcionam.
Hans Zimmer faz sua parte com a trilha sonora. O compositor chegou a comparar a dura tarefa de recriar a música tema, imortalizada por John Williams, a reescrever a nona sinfonia de Beethoven. Apesar do exagero, a pressão era real. Mesmo assim, o resultado foi positivo, com direito a homenagens sutis ao passado.  Entretanto, o primeiro voo do Superman pedia o tema original e certamente levaria muita gente às lágrimas se fosse tocado.
Outros aspectos podem incomodar no longa: a relação de Lois Lane e Clark Kent é diferente do esperado e as atitudes do herói nem sempre são exemplos de integridade. Para os fãs puristas dos quadrinhos, o final reserva uma surpresa capaz de arruinar a diversão, embora a cena em questão funcione.
O maior problema da produção não se encontra nesses aspectos e sim em algumas falhas de roteiro. Existem buracos já considerados comuns para filmes de super-heróis, mas o pior são as muletas utilizadas para avançar a trama. Mesmo assim, nenhuma chega a ser tão problemática a ponto de acabar com a imersão, como acontece em Homem de Ferro 3. Além disso, o tom dramático soa por vezes exagerado, principalmente para quem está acostumado com o universo Marvel. Se fosse deixado de lado às vezes, faria bem à narrativa.
É natural um reboot com tantas novidades dividir opiniões, porém é difícil negar que O Homem de Aço seja o melhor filme do Superman desde 1978. O longa mostra a força da DC e a capacidade de igualar o sucesso cinematográfico da Marvel no futuro, ao criar um universo rico e compartilhado. Zack Snyder amadureceu como diretor, entretanto, sua maior qualidade permanece – a capacidade de criar uma obra visualmente bela, que merece ser vista em Imax.

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