terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O ÚLTIMO DESAFIO



                                 O Último Desafio

O retorno de Schwarzenegger aos filmes de ação tinha que ser algo exagerado, com o ator no papel de um cara durão capaz de vencer qualquer parada, claro. Este filme parecia a escolha certa, afinal, o choque entre um xerife de fronteira dos Estados Unidos e uma gangue de maníacos é garantia de tiroteios e muita ação. Pena que, embora não seja o pior filme da carreira do ator, O Último Desafio também não tem nada de memorável.

Flertando com o faroeste, a trama rasa mostra a fuga cinematográfica de uma chefão de drogas chamado Gabriel Cortez (Eduardo Noriega), que estava a caminho do corredor da morte. Depois de enganar o FBI, ele pega um Corvette ZR1, um dos carros mais velozes já criados, e corre para o México ajudado por sua gangue, armada até os dentes. Enquanto isso, o xerife Ray (Schwarzenegger) investiga o assassinato de um fazendeiro em sua pacata cidade, o que o coloca em rota de colisão com o traficante.

O diretor sul-coreano Kim Jee-woon, famoso pelo estranho Os Invencíveis (The Good, The Bad and the Wierd), faz sua estreia em Hollywood levando um pouco do absurdo e humor de seus filmes ao mercado ocidental, pena que a mistura não funcione. Não que o longa não tenha momentos divertidos, até tem, mas é que ele parece se levar a sério demais, até que descamba, sem aviso, para o ridículo, com a “ajuda” de Johnny Knoxville (Jackass). O cara, entre outras coisas, aparece de escudo e capacete no meio do tiroteio fazendo comentários supostamente engraçados - não, isso não é legal.

É como se fossem dois filmes que culminam em um terceiro de qualidade duvidosa. Há a trama da cidadezinha da fronteira, com o xerife investigando acontecimentos estranhos e a do FBI, com um perdido Forest Whitaker no papel do agente John Bannister, tentando prever o movimento do fugitivo (coisa que todo mundo já sabe). No final, tudo se junta para um shot’em' up fraco e cheio de falas de efeito forçadas, sinal de desespero para criar um novo bordão para o ator.

Embora não consiga criar tensão, Kim faz um belo trabalho visual com algumas cenas interessantes, como o ZR1 aproveitando a escuridão e velocidade para deixar um helicóptero a ver navios – sutil, porém funcional. Schwarzenegger segura bem a onda, apesar de estar inegavelmente cansado. Seu papel lembra alguns personagens mais recentes de Clint Eastwood: lento, rabugento, entretanto, ainda capaz de mostrar força quando necessário. Só com uma diferença – é impossível comparar a qualidade de atuação dos dois.

A presença de Rodrigo Santoro no elenco deve atrair o público brasileiro. Ele até está bem no papel de um ex-militar arruaceiro, que, depois de perder um amigo, decide ajudar o xerife a enfrentar os bandidos. Só é estranho a sua redenção quase instantânea, falha de roteiro justificada de forma insatisfatória pelo relacionamento dele com uma bela policial.

Alternando bons e maus momentos, O Último Desafio traz algumas interessantes ideias do cinema oriental, como cenas ousadas de ação envolvendo acrobacias e tiroteio,  e as coloca ao lado de clichês, como a luta final sobre uma ponte na fronteira. Porém, é a boa presença de Schwarzenegger, de volta ao papel principal de um filme de ação depois de 10 anos, que melhor justifica o preço do ingresso. A dúvida que fica é se as audiências mais jovens vão aceitar um herói decadente, mais lembrado atualmente como ex-governador da Califórinia do que como ator.

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