sábado, 16 de fevereiro de 2013

MEU NAMORADO É UM ZUMBI



                                        Meu Namorado é um Zumbi

Com planos de fazer pelos mortos comedores de cérebro o que Crepúsculo fez pelos Vampiros, Meu Namorado é um Zumbi chega aos cinemas deixando de lado o terror e crítica política, típicos das obras de George A. Romero, por um romance açucarado cheio de crises adolescentes. Os fãs dos zumbis têm tudo para se irritar com essa versão apocalíptica de Romeu e Julieta, porém os mais jovens, no auge de suas angustias e descobertas, terão muito com o que se identificar.

Na onda da série Walking Dead e baseado no romance Sangue Quente, de Isaac Marion, o longa se passa oito anos após o apocalipse zumbi. Nicholas Hoult é R, um morto-vivo que não lembra nem do próprio nome e, durante uma visita à cidade para encontrar comida (pessoas), mata o namorado de Julie (Teresa Palmer), por quem se apaixona instantaneamente. Ele, então, a leva para o aeroporto onde vive com uma horda de mortos-vivos. Lá, em seu avião decorado com objetos que colecionou ao longo dos anos, os dois passam a se conhecer melhor.

É claro que no começo a garota fica com medo de R e tenta fugir, mas com o tempo entende que ele ainda possui um resquício de humanidade. Juntos, exploram a coleção de discos de vinil do “garoto”. Músicas como Hungry Heart, de Bruce Springsteen, Rock You Like a Hurricane, do Scorpions e Shelter From the Storm, de Bob Dylan, embalam os adolescentes e dão tom nostálgico à ótima trilha sonora.

As coisas se complicam quando a garota decide voltar para casa. Para isso, R e Julie precisam enfrentar dois sérios problemas: os esqueletos, mortos-vivos que deixaram completamente sua humanidade de lado e comem qualquer coisa que se move, e Grigio, pai de Julie e comandante de um dos últimos acampamentos humanos que restaram – dois grupos que não aceitam mudanças.

Esse é o segundo filme em que o diretor Jonathan Levine (Doidão) usa humor para tratar sobre vida e morte. Enquanto o longa 50% é mais realista e mostra a luta de um jovem contra o câncer, Meu Namorado é um Zumbi usa fantasia e ícones da cultura pop como pano de fundo para tratar da depressão do adolescente R diante de uma realidade que não condiz com suas expectativas.

Levine faz um bom retrato da alienação adolescente e seus diferentes graus de conformidade, porém nunca cruza a linha que transformaria o discurso em algo político, como Romero faria. Isso, aliado a longos momentos de ternura entre o casal, praticamente sem ação alguma, deixam a narrativa tediosa. A coisa só esquenta mesmo quando os pombinhos encontram Nora (Analeigh Tipton), amiga de Julie. A garota injeta boa dose de humor na trama, que poderia ser totalmente centrada na interação desses três personagens.

Claro que não faltam referências a filmes do gênero, como Terra dos Mortos e Madrugada dos Mortos. O uso de ângulos abertos, panorâmicas e paletas acinzentadas aprofundam o clima de fim do mundo, com direito até a jornais abandonados nas ruas com manchetes sobre a crise dos zumbis. Entretanto, o bom trabalho de ambientação é manchado pelos péssimos efeitos especiais, tão ruins quanto os da Saga Crepúsculo, com esqueletos mal animados e péssimas (e dispensáveis) cenas do interior do corpo humano.

Desafiando todos os aspectos estabelecidos por Romero sobre mortos-vivos, Meu Namorado é um Zumbi é uma comédia romântica amigável, com alguns momentos de suspense e pouca ação. O longa deve acertar em cheio o gosto do público que ficou órfão de Crepúsculo e também agradar a admiradores de comédias românticas com sua mensagem positiva sobre como enfrentar a vida. O melhor de tudo é que aqui nenhum personagem brilha ao Sol.

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