sábado, 13 de abril de 2013

OBLIVION



                                     Oblivion
Anos atrás em Hollywood havia um índice muito utilizado pelos estúdios para calcular o potencial comercial de um astro ou estrela. Chamava-se star power e chegava no máximo a 100. Um ator ou atriz de star power 100 era aquele no auge, capaz de garantir ao produtor do filme uma bilheteria não inferior a US$ 100 milhões.

A avaliação entrou em desuso, o mercado e as cifras mudaram, mas nem por isso alguns atores hollywoodianos deixaram de ser considerados pelos estúdios como fontes inequívocas de boas receitas. Este é o caso de Tom Cruise, por exemplo. Tê-lo num blockbuster costuma ser garantia de bons resultados em bilheteria. Não à toa ele praticamente carrega nas costas a ficção científica Oblivion, que sem sua presença provavelmente seria um filme que passaria despercebido.

No longa futurista Cruise interpreta Jack Haper, misto de engenheiro e soldado responsável por cumprir uma missão na Terra, planeta há muito abandonado pelos humanos depois de uma guerra contra alienígenas. Ele e sua mulher, Julia (Andrea Riseborough), formam a equipe encarregada de patrulhar o planeta deserto para assegurar que seus últimos recursos naturais disponíveis sejam retirados sem que remanescentes dos alienígenas criem problemas.

Tudo parece caminhar sem maiores problemas e o casal está prestes a retornar à colônia humana no espaço. Em suas patrulhas rotineiras, Jack relembra com certa nostalgia da Terra antes da guerra que a destruiu – para vencer os alienígenas os humanos tiveram de usar seu arsenal nuclear -, mas também é atormentado em silêncio por sonhos estranhos de uma vida que, aparentemente, não viveu. Naturalmente, toda essa calmaria vai ter fim em breve.

O diretor e roteirista Joseph Kosinski, o mesmo de Tron - O Legado, conduz esses primeiros momentos do filme muito bem. Vamos conhecendo esses personagens, tomando contato com sua realidade e ficamos presos à história sob a expectativa do que vem adiante. A cenografia também ajuda (e muito) na ambientação. A criação deste mundo futurista pós-apocalíptico é algo que chama a atenção por sua riqueza de detalhes e coerência.

Kosinski, que também é arquiteto, apostou em recriar esta realidade de 2077 como a evolução plausível do que se vê hoje. O diretor limitou ao máximo o uso de cenografia virtual (a famigerada tela verde) e gravou panorâmicas do céu do Havaí, de paisagens da Islândia e do o cume de um vulcão para incluí-las no filme. O resultado é atraente e longe de artificialismos cênicos.

A esperada reviravolta acontece quando um nave não-identificada cai na Terra e nela Jack descobre a mulher desconhecida (Olga Kurylenko) recorrente em seu sonhos. Neste ponto, todas as certezas que tinha até então começam a desmoronar e o personagem segue numa trajetória de descobertas que o fará recuperar um passado perdido, este que até então desconhecia.

Nesta segunda metade o filme perde um pouco de fôlego e muito de criatividade. O roteiro torna-se confuso em certos momentos e deixa o espectador perdido. Quando, mais adiante, tenta explicar o que está acontecendo, deixa muitas arestas a aparar e pontas soltas. Além disso, objetos de cena como drones, naves, armas e, principalmente, o figurino têm clima de déjá vu. É inevitável lembrar de outros filmes, como Star Wars, por exemplo.

Mesmo em sua sequência final Oblivion conduz nossa memória a outro longa famoso, no caso Independence Day. Podia acabar por aí, mas se estende um pouco mais somente para “presentear” o público com um happy end improvável. No fim das contas, para sustentar o filme é indispensável que o protagonista seja uma estrela como Tom Cruise, cujo carisma e presença cênica são capazes de tornar a produção mais interessante do que realmente é . 

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