quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O DITADOR (2012)

                                           O Ditador

O novo filme do comediante Sacha Baron Cohen (Borat / Brüno) é basicamente uma série de gags cômicas amarradas por uma narrativa simples. E, como tradicionalmente acontece nos filmes do humorista, algumas piadas funcionam, outras não, e há uma grande chance de, ao longo da projeção, você se sentir agredido com alguma tirada mais ofensiva. Mas há também a certeza dar muitas risadas com esse filme que talvez seja o mais engraçado do ator.

Cohen é Aladeen, o líder despótico, misógino e antissemita do país fictício Wadiyan. Sua vida de governante tirano se resume a comprar favores sexuais de estrelas de Hollywood, jogar videogame em seu Wii personalizado e executar assessores que ousam discordar de suas ideias. Seu sonho é ter uma arma nuclear, mas diz ao mundo que está enriquecendo urânio para “fins pacíficos” - nem o próprio Aladeen contém o riso quando diz isso no filme. É claro que o resto do planeta desaprova suas ambições nucleares e ele é obrigado a fazer uma viagem aos Estados Unidos onde pretende convencer a ONU da "inocência" de suas intenções.

É nessa ida à América que a aventura de Aladeen realmente começa. Em sua comitiva vai um sósia cuja função é levar um tiro na cabeça em seu lugar em caso de atentado. Mas seu braço direito Tamir (Ben Kingsley) tem planos de substituir o sósia pelo Aladeen real e assumir o comando do país - seu projeto é faturar abrindo Wadiyan à exploração de petróleo estrangeira.

Depois da traição, Aladeen se vê perdido em Nova York sem sua barba e aos cuidados de Zoey (Anna Faris, da franquia Todo Mundo em Pânico), uma feminista, amante de produtos orgânicos e pacifista de carteirinha. Está dado o pano de fundo para Cohen explorar sua verve cômica politicamente incorreta.

O filme tira sarro de grandes ditadores recentes como Saddam Hussein, Muammar Gadaffi, Kim Jong-Il e Ahmadinejad, mas também não poupa os ocidentais. Do mesmo jeito que faz um quadro satírico dos déspotas citados, O Ditador não poupa a elite de Hollywood, as grandes corporações que exploram petróleo nos países árabes e faz uma crítica contundente em seu final da farsa autoritária a manipuladora que existe por trás das chamadas grandes democracias ocidentais.

O Ditador não é o supra-sumo do humor inteligente ou espirituoso, mas carrega um sarcasmo cômico pouco comum nas telas. Em alguns momentos chega à sátira requintada de um episódio de South Park, noutros apela para o grosseiro e escatológico, mas sem pesar a mão. Na média é diversão das boas para quem quer fugir um pouco do humor bem comportado dos patrulhados dias atuais.

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