domingo, 20 de maio de 2012

PLANO DE FUGA - CRÍTICA

                                                  Plano de Fuga

Depois de algum tempo longe do cinema, no qual se dedicou com afinco a protagonizar escândalos, Mel Gibson voltou à ativa em 2009 com o policial O Fim da Escuridão, um retumbante fracasso. Seguiram-se mais alguns escândalos envolvendo excesso de álcool, prisões, antissemitismo, homofobia e agressão até que Jodie Foster o resgatasse no bom drama Um Novo Despertar. Mas os fãs queriam velho Gibson, o cara carismático e durão de séries como Máquina Mortífera e Mad Max.

Plano de Fuga não tem o vigor necessário para reaver a carreira do ator. Tanto que nem chegou às salas de cinema americanas, sendo lançado direto em VOD (Video on Demand). Mas se está difícil para Gibson recuperar o prestígio, a culpa, definitivamente, não é do filme.

A indústria de cinema estadunidense é até bastante indulgente com os arroubos de suas estrelas, mas fica difícil perdoar um astro que bate em mulher, critica judeus, negros, homossexuais e toda e qualquer minoria, além de não perder a oportunidade de se mostrar arrogante e megalomaníaco quando pode. Existe um limite, mesmo em Hollywood, e o ator parece tê-lo excedido.

Plano de Fuga não foi ignorado por sua qualidade. Coescrito e produzido pelo ator, o longa marca a estreia na direção de Adrian Grunberg (assistente de direção de Gibson em Apocalypto). Tem início com uma ótima sequência de abertura, com o astro de Coração Valente ao volante de um carro sendo perseguido pela polícia, vestido de palhaço e com alguns milhões de dólares no banco de trás.

Sem grandes pretensões, mas bem conduzido, o filme resgata o Mel Gibson dos velhos tempos: sarcástico, sensível (só o necessário) e perigoso no papel de um ladrão que passa o infortúnio de parar em El Pueblito, um presídio mexicano insólito e violento. Controlado por bandidos e policiais corruptos, o local funciona como uma pequena cidade onde pessoas não condenadas convivem com os criminosos, o comércio é livre e existe um esquema de saídas relegado aos chefões locais. Gringo, como fica conhecido o personagem de Gibson, só quer reaver seu dinheiro e dar o fora dali. Antes, se envolve com um morador local, um menino esperto cuja vida tem uma relação bizarra com a do chefão do presídio.

O que segue são cenas de ação e tiroteio muito bem dirigidas, diálogos divertidos e uma trama intricada na qual tudo se encaixa a contento graças ao roteiro bem-amarrado. O filme tem certa previsibilidade, mas é agradável de ver muito em virtude do carisma do ator. Plano de Fuga não vai resgatar Gibson do limbo nem entrar na galeria de seus melhores filmes, mas é uma boa diversão descompromissada, ainda mais para quem estava com saudades de ver o ator fazer o que sabe melhor.

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